segunda-feira, 28 de março de 2016

Sobre ser irmã mais velha

Há 18 anos atrás, fui com o meu avô por a minha mãe à maternidade. Esperei um dia inteiro e nunca mais... Eram oito da noite e os meus avós disseram que estava na hora de me ir deitar, ele já não nascia naquele dia. Vesti o pijama, deitei-me e o meu avô foi-me chamar. Já estava. Aos oito anos já não era filha única. Agora tinha um irmão. 
Dizem que caranguejo é o signo mais maternal do zodíaco, não sei se é verdade. Sei que a partir do dia em que o peguei ao colo passei a ser um bocadinho mãe. Não no princípio, aí os ciúmes falavam mais alto. Amava-o mas não sabia gerir a partilha da atenção. Era estranho. Era só eu e depois já não era. Mas a cada dia que passava os sentimentos de protecção e responsabilidade aumentavam. Com 12 anos eu ralhava mais do que a minha mãe, tomava conta dele e brincava. Ele enganava-se, chamava mãe a mim e mana à mãe, depois trocava outra vez e outra. 
Até encontrarmos o equilíbrio. Estarmos lá, termos uma dinâmica de ajuda e divisão de tarefas, termos os segredos e cumplicidades. Contar o que não se conta aos pais. Quando ele precisa eu vou, quando eu preciso ele está lá. 
Tudo o que posso dar-lhe dou e sei que vou lutar sempre pela sua felicidade.
É giro como sei que parte do que ele é se deve também a mim, que ajudei a formar uma pessoa. Mas mais do que ele, grande parte da pessoa que foi moldada fui eu. Tenho a certeza que o papel de irmã mais velha me tornou diferente e que a minha vida de vai sempre desenrolando com a dele. Coisas que fiz e coisas que não fiz por causa dele, com ele ou porque ele não estava.
A partir de hoje é legalmente um adulto, um homem. Mas a mim vai sempre dar-me um aperto no coração e a preocupação de quem olha para ele, e mesmo sendo mais alto do que eu, verá sempre alguém que tem que proteger.
Obrigada.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Passou um ano desde a última vez que escrevi aqui, não é por acaso, tem sido um ano difícil, declínio, tristeza.
Todos os castelos que construí foram caindo aos bocadinhos. Pouco a pouco fiquei mais só e com isso comecei a perceber que precisava de voltar a respirar, rir e procurar a minha felicidade.
Tarde demais percebi que a minha felicidade não fazia parte dos planos dele, essa felicidade ele estava a construir com outra pessoa.
Ainda não assimilei o porquê. Não o apaixonar-se por outra pessoa, afinal ninguém manda no seu coração. Mas o despedaçar-me bocadinho a bocadinho sem me dizer a verdade. Mentir na minha cara e continuar como se nada fosse. Como se 7 anos fossem 7 meses e não tivessem assim tanta importância.
Todos devemos procurar a nossa felicidade, começá-la sobre a infelicidade dos outros é que é cruel demais. 
Passou um mês e o meu cérebro ainda revê todos os momentos desde o início até ao fim, uma e outra vez. O coração fica apertado, mas as lágrimas pararam de correr.
Acho que aos pouquinhos começo a encaixar que desde que não estou com ele consigo respirar melhor e que volto a ter vontade de perseguir sonhos e ambições que foram ficando para trás.
Voltei a rir mais, sair mais à rua e conhecer pessoas novas. 
Com o passar do tempo tinha anulado a minha vontade e esquecido o porquê de as pessoas gostarem de mim. O porquê de me rir tanto e porque é que a vida era sempre mais solarenga. 
Neste último ano não senti vontade de vir aqui. Esta na hora de regressar.


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Fui à Primark...

A modos que tenho um problema em sair de lá de mãos vazias. Mas ao menos não pensei só em mim e trouxe a coisa mais fofa para um priminho que vem a caminho :)

segunda-feira, 17 de março de 2014

Do fundo do coração.

Faz hoje um mês que fui pela primeira vez a um funeral. Acho que ainda não me caiu realmente a ficha de que a avó já não está cá. 
Quando soube foi segurar as pontas para os outros poderem desabar. O velório passei a rir com os meus primos naquela partilha de histórias que temos com ela, parecia que ela estava ali deitada a ver-nos rir como fazia sempre.
Encontrei conforto naquela noção de que o sofrimento já era demasiado. Uma semana antes ela tinha feito anos e para mim foi a despedida, aquele adeus a alguém que tinha o corpo preso a este lado mas que já o tinha deixado para trás. Já não acordava, já não nos sentia. E eu disse-lhe adeus. Sabia que tinha acabado. Por isso quando ligaram a dizer que o corpo tinha desistido agradeci porque no lugar dela eu só queria que me deixassem ir. 
Mas assim que o padre entrou fecharam o caixão e não fomos chamados, quando cheguei a revolta era tanta que todas aquelas palavras de pecado e ressurreição me agoniaram. Comecei a chorar de frustração. Como que é que podem passar meia hora a chamar pecadora há pessoa mais sofredora e altruísta que eu já conheci? Tiraram-me a tempo da capela, juro que faltou pouco para começar a gritar de ódio contra esta instituição onde tantos vão buscar força e que a mim me empurra cada vez para mais longe.
É desumano ver aquele caixão descer. Dói muito. Mas foi para isto que ela me preparou. Desde pequenina que ela me levava ao cemitério, ver aquelas campas ali é das memórias mais remotas que tenho. Ia para lá brincar e conversar, e sei que era para poder lá ir sem o sentimento pesado que tantos têm naquele espaço, que ela me levava. 
Passado um mês voltei. Não é onde ela está que me faz confusão. É onde ela não está. Ainda não tinha entrado no quarto dela. Ia lá a casa, andava por lá, mas ainda não tinha ido ao quarto. Inconscientemente devia achar que ela lá estava a dormir. No sábado entrei para por as camisas do meu avô e tive finalmente noção do vazio. Acabou. Uma parte de mim morreu.

sábado, 18 de janeiro de 2014

tanto para acontecer :(

Uma avó no hospital há um mês, ir lá vê-la é ver alguém cuja simples permanência neste mundo é um sofrimento constante, olhos de quem quer partir.
Atolada de trabalho e a suportar pessoas que por terem a sua vida pessoal mal decidem descarregar toda essa angústia em cima de quem trabalha com elas.
Um sistema nervoso a entrar em colapso, um ataque de pânico.
Um pai com demasiados problemas, uma mãe que fica de baixa com um principio de pneumonia.
Um namorado com cada vez menos tempo para nós.
E hoje perco o controlo do carro, que faz um pião e se enfia num caniçal. Se em vez de girar para a direita tivesse girado para a esquerda tinha  caído uns 800 metros a pique, portanto já não é mau estar viva para contar a história.
Mas por um bocadinho não me podiam dar umas tréguas, estou mesmo a ficar cansada.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013




Aproveitar a minha árvore preferida (as bolas são velas) para desejar a todos um natal espectacular (em casa que isto hoje sair à rua é masoquismo) muito quentinho e muito docinho  e agora está na hora de ir fazer bolos