Durante breves momentos pensei que a coisa mais estranha que estava a acontecer esta semana, fosse o facto de todas as moscas que ficavam presas no meu carro estarem a morrer devido ao efeito estufa que por lá se sente nestes dias, tornando o veículo num cemitério ambulante.
Verifico mais tarde que estava muito longe da verdade.
Ontem chega um senhor sem a parte superior de uma orelha, uma não, a orelha direita posso precisar porque observei por bastante tempo.
Parecia saído de um daqueles filmes em que cortam pedacinhos às pessoas. O corte irregular de toda a parte superior intrigava-me de cada vez que ele falava. Teria nascido assim? terá sido uma mordidela? de um cão? de uma pessoa? ou um corte lento e doloroso com uma navalha muito mal afiada?
Foi situação para me fazer alguma confusão momentânea, mas sejamos sinceros, passou-me rápido.
Já hoje, termino o meu épico dia como recepcionista (esta semana consta que sou recepcionista para a semana já sou da contabilidade outra vez) e quando vou a sair passa por mim um individuo com olhar vazio e com um gancho em vez de mão. Sim, um gancho de metal ou aço tal e qual Capitão Gancho. E nesse momento passa-me toda uma série de estranhos pensamentos de como aquele senhor podia ir matar toda a gente que ainda estava dentro do escritório (aquele gancho a perfurar gargantas e coisas assim) e numa clara acção suicida fui atrás dele.
Eu - O senhor não pode entrar aí assim. O que é que está a fazer?
Homem do Gancho - Estou à procura da minha mulher.
Eu - A sua mulher?
Homem do Gancho - Sim. Ela disse-me que vinha ver velas.
Eu - Mas isso não é aqui. É ali na loja.
Homem do Gancho - Então veja se ela está lá.
Eu - Não está. A loja já fechou portanto não está lá ninguém.
Homem do Gancho - Tem a certeza? (levantou a sobrancelha, devia achar que eu a tinha raptado).
Eu - Sim.
Homem do Gancho - Então eu também já saí.
E saiu. Neste momento encontro-me a fazer conjecturas acerca de o que me aparecerá pela frente amanhã.
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