quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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Sabemos que existem milhares de histórias de vida difíceis, daquelas que apertam mesmo o coração e que infelizmente chegam cada vez mais perto de nós.

Hoje estava no centro de emprego à espera da minha vez quando se sentou uma rapariga, que parecia pouco mais velha que eu, com uma miúda pequena. Sentaram-se e esperaram até que ela recebeu uma chamada e então começou a chorar. O choro da revolta, do desespero de quem não encontra um caminho e de quem pensa que Deus se esqueceu de si e que dali para a frente a vida só pode pior.

Estávamos algumas pessoas sentadas à volta dela e ela lá contou em tom de desabafo e de quem está tão desesperado que precisa mesmo da nossa ajuda. 

A rapariga que parecia mais velha que eu, revelou que tinha afinal 24 anos (apenas mais dois, mas com o peso da responsabilidade e da vida aparenta bem mais), tem duas filhas, a menina que estava ali com 5 anos e a outra com dois. O pai da primeira menina batia-lhe em frente à filha e chegou a ameaçá-la de morte, não lhes dava dinheiro pelo que um dia ela estava em casa e só tinha um pacote de bolachas e um pacote de leite para alimentar a filha, nesse dia decidiu que a vida delas tinha de mudar saiu de casa procurou um emprego qualquer que lhe desse para encher a dispensa e foi o que fez. 

O pai da segunda menina tratava-a bem, até ao dia em que ela soube que estava grávida, parece que afinal ele era casado e a mulher também estava grávida. Abandonou-a e ela ficou grávida com uma menina pequena. A meio da gravidez soube que a bebé poderia ter trissomia e o melhor era abortar. Não o fez e a menina nasceu saudável.  

Pelas filhas nunca baixou os braços, trabalhou sempre para receber o ordenado mínimo, sem nunca recorrer às ajudas do Estado. Agora, ficou sem emprego e quando vai pedir ajuda o sr. que estava na Segurança Social diz-lhe que ela não tem direito a nada, que quanto muito pode-se dirigir à Misericórdia, talvez lá lhe quisessem dar uma refeição. 

Com isto pergunto-me que raio de sistema é o nosso, que apoia pessoas que nunca trabalharam, que passam a vida a enganar o estado, mas às pessoas que trabalham responde torto e decide virar as costas.

Tenho o coração tão apertado.

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